sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Propriocepção dos pensamentos

Bohm (2005) define a propriocepção ou autopercepção como a distinção entre as ações que se originam em nosso corpo e as ações que vem de fora. Assim, o diálogo busca também examinar os pensamentos, sentimentos e emoções a partir de uma “propriocepção dos pensamentos”. Sabemos que temos uma propriocepção dos nossos movimentos, pois se prestarmos atenção ao corpo, temos consciência que estamos sentados, que a mão pega o garfo para comer, que estamos olhando para o interlocutor ou para o papel que lemos etc. Isso vem como experiência, não como reflexão. Também temos a mesma capacidade com relação aos nossos pensamentos: se prestarmos realmente atenção neles, notaremos que têm intensidade, afetividade – quase uma cor -, direção, intenção etc. Mas normalmente pensamos e identificamo-nos apenas com o conteúdo deles.
Observando o pensamento recuperamos essa propriocepção do pensamento. Essa observação permite que ocorra uma compreensão ampliada sobre o pensamento e permite perceber quando estamos exagerando, reagindo inadequadamente, ou desvalorizando a questão principal. Esses aspectos não são apenas lógicos ou racionais, pois se constituem em um exercício de percepção que permite o desenvolvimento de uma maior acuidade na observação de nós mesmos e dos outros.
Bohm, D. Diálogo: comunicação e redes de convivência. São Paulo: Palas Athenas, 2005.

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